A face vulnerável da guerra
- Leticia Barros
- 4 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

No último dia 7, em um sábado, o grupo terrorista Hamas invadiu por terra, mar e ar o território do Estado de Israel. Parece inacreditável imaginar que, com a globalização que vivemos hoje, o mundo inteiro pode acompanhar uma guerra de maneira instantânea através de filmagens e fotos — por mais inconcebível que seja pensar que alguém, no meio de uma guerra, opta por fazer uma filmagem.
Ao longo da semana, pessoas ao redor do globo têm se comovido com os vídeos e imagens que circulam na internet. Mas algo em especial chama atenção: a maioria dos vídeos mostra mulheres, em estado completo de vulnerabilidade, sendo desmoralizadas e violadas pelos terroristas.
Dois vídeos viralizaram: o primeiro mostrava uma mulher coberta de sangue e com as roupas sujas sendo retirada da mala de um jipe e colocada na parte da frente. O segundo mostra uma mulher aparentemente desacordada na caçamba de uma caminhonete com os membros quebrados.
Isso nos obriga a fazer uma reflexão que pode parecer óbvia, mas que merece ser relembrada: em uma guerra, o inimigo toca na ferida para desestabilizar o poder de seu adversário. E a ferida é a parcela mais vulnerável de um povo ou de uma nação. Mulheres, crianças e idosos são, sempre, o alvo principal. Todo e qualquer líder político enfrenta desespero e se sente de mãos atadas quando seu grupo vulnerável é ameaçado.
As mulheres, por sua vez, em contextos de guerra, sempre estão inseridas em estratégias de guerra cruéis e bárbaras. Isso não é novo na história da humanidade. Quando falamos em terrorismo, também não é de hoje que mulheres estão na mira de terroristas.
O exemplo mais próximo que temos é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, na qual o estupro foi usado como arma de guerra pela Rússia contra as mulheres ucranianas. No caso da Ucrânia, a ONU recebeu inúmeras denúncias e relatos de organizações sistemáticas de estupros, com soldados equipados com Viagra. As vítimas variavam entre 4 e 80 anos.
Outro exemplo é a guerra na Síria, que começou em 2011, onde as mulheres são as mais afetadas pelas estratégias de guerra. Estupros durante ataques e operações militares, detenção para negociá-las como moeda de barganha, sequestro e tortura para afetar a família foram algumas das táticas do conflito.
As guerras são, invariavelmente, devastadoras em muitos aspectos. Elas representam a falha da diplomacia e da resolução pacífica de conflitos, resultando em sofrimento humano e destruição generalizada.
Letícia Barros é advogada, empreendedora e vice-presidente do LOLA Brasil.
Este artigo foi originalmente publicado na Revista Crusoé.




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