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A força do povo das ruas mudou o Brasil

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As mobilizações de rua já foram responsáveis por mudanças emblemáticas nos rumos do país, com impactos que perduram até os dias atuais. No atual cenário, a importância dessas manifestações é ainda mais evidente, pois exercem pressão sobre os atores políticos que determinam o caminho que seguimos. Ao analisarmos eventos marcantes, como o fim da ditadura militar e o impeachment de Dilma Rousseff, é essencial explorar os impactos que a participação popular nas ruas teve em nossa sociedade, delineando os caminhos percorridos até o presente momento e influenciando as possibilidades futuras.

Em 2016, presenciamos a presidente Dilma enfrentando um processo de impeachment que recebeu o apoio de 367 deputados. Essa votação histórica foi apenas a ponta do iceberg de um processo que teve suas raízes no espaço mais democrático que existe: as ruas. Meses antes, o Brasil testemunhou as maiores manifestações da história, com 3,6 milhões de pessoas ocupando as ruas em centenas de cidades em todas as regiões do país. Tudo isso foi resultado da crise econômica que se instaurou após 12 anos de governo do PT, agravada pelo desenvolvimento da maior operação de combate à corrupção da história, a Lava Jato. Nas manifestações, os participantes expressavam não apenas críticas a Dilma e ao seu antecessor, Lula, mas também ecoavam gritos de apoio à Lava Jato e ao juiz Sergio Moro.

Vale ressaltar que tudo isso foi o desdobramento de um processo que teve início três anos antes, precisamente há 10 anos, nas manifestações de junho de 2013. Naquele mês, aproximadamente 1,25 milhão de pessoas ocuparam as ruas em mais de 130 cidades por todo o país. Embora o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus tenha sido o estopim, na realidade ele serviu como um pretexto para que milhões de brasileiros expressassem diversos anseios, permeados por diferentes ideologias. Presenciamos a atuação de protagonistas de grupos radicais, como os black blocs, associados ao anarquismo e, mais especificamente, à ala de esquerda, assim como grupos que se tornaram precursores de movimentos relevantes para o impeachment de Dilma, associados à ala de direita.

Como resultado, observamos principalmente a queda acentuada da popularidade da então presidente Dilma, que em março havia alcançado um recorde de 79% de aprovação e, após as manifestações, caiu para 31%. Nesse ano, ressurgiu no povo brasileiro o senso de democracia e responsabilidade em relação ao interesse público.

Isso porque a última grande manifestação popular havia acontecido cerca de 20 anos antes, com os caras-pintadas. Ela resultou na renúncia seguida do impeachment do primeiro presidente democraticamente eleito após a ditadura militar: Fernando Collor. A queda de Collor já evidenciou um sintoma da frágil e prematura democracia brasileira; no entanto, foi importante para ressaltar a força da mobilização popular.

Nossa recente democracia também se originou de mobilizações populares que, mesmo durante a ditadura militar de 1964, se mostraram como uma base fundamental para a sociedade brasileira. Há 30 anos, em 1983, ocorreu a emblemática campanha conhecida como Diretas Já, com o principal objetivo de lutar pela eleição direta para Presidente da República.

Após anos em que o Brasil tem demonstrado a força da mobilização popular, nos deparamos hoje com um cenário político crítico, caracterizado por intensa polarização e cerceamento de liberdades. É chegada novamente a oportunidade de nos unirmos e nos manifestarmos em defesa da democracia, liberdade e justiça. O sistema político consolidado nos incentiva a ficar em casa, e até mesmo protagonistas que supostamente estão do "mesmo lado" desmobilizam os manifestantes. Isso porque o que o sistema mais teme é o povo na rua. A história nos mostra que as mobilizações populares têm o poder de derrubar ditadores e até mesmo presidentes democraticamente eleitos. Temos hoje uma nova oportunidade de moldar o curso da nação de maneira ainda mais impactante para as gerações futuras.


Anne Dias é advogada, presidente do LOLA Brasil e líder do Livres.


Este artigo foi originalmente publicado na Revista Crusoé.

 
 
 

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