Letícia Barros na Crusoé: “O que os governos estão fazendo pelo oceano?”
- Leticia Barros
- 24 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

Por muito tempo, o mito de que a Amazônia é o “pulmão do mundo” foi fortemente difundido. O motivo é justificável: direcionar a atenção da sociedade civil e das autoridades para a preservação da maior floresta tropical do mundo. Nobre, de fato. Mas a verdade é que a produção de oxigênio da Amazônia é voltada para ela própria, não tendo um impacto significativo quando pensamos no globo.
Em paralelo, os mares são responsáveis pelo equilíbrio do planeta. Cobrem cerca de 70% da superfície da Terra e têm um papel crítico na manutenção de seus sistemas de suporte de vida, sustentando a sobrevivência de animais e plantas por meio da regulação do sistema climático e geração de cerca de metade do oxigênio da atmosfera. Isso significa que o verdadeiro pulmão do mundo é o oceano.
Nos últimos anos, os holofotes da humanidade têm mirado as degradações ambientais que vêm ocorrendo ao redor do mundo, especialmente no meio político. A pressão social por políticas públicas voltadas para a preservação ambiental torna-se cada vez mais resistente, fazendo com que políticos de esquerda e de direita levantem a bandeira pelo tema, cada qual com sua própria solução. No entanto, o recurso responsável por tornar possível a nossa sobrevivência permanece fora da mira.
Como exemplo da falta de atenção para o tema, o Projeto de Lei 6.969 — que institui a Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro — tramita na Câmara dos Deputados há 10 anos.
Não precisa de muito para perceber que o assunto é quase que ignorado: dois termos têm sido adotados pela Marinha do Brasil na tentativa de chamar a atenção das pessoas, quais sejam, mentalidade marítima e Amazônia Azul.
A boa notícia é que a iniciativa privada, utilizando de tecnologia, inovação e conscientização, vem juntando esforços para mitigar a poluição dos mares.
A Maersk desenvolveu um sistema para tirar 90% do plástico flutuante do oceano até 2040, tendo já recolhido mais de 29 mil toneladas. Já a Rolex atua no projeto Coral Gardeners para salvar os recifes de corais do mundo por meio da restauração ativa.
É hora de adotarmos a mentalidade marítima e reconhecer o potencial que um oceano saudável tem para o nosso país. Preservação ambiental não é pauta de esquerda ou de direita, é de todos.
Letícia Barros é advogada e vice-presidente do LOLA Brasil.
Este artigo foi originalmente publicado na Revista Crusoé.




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