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Nossos policiais não são demônios

Culpar a instituição e isentar bandidos, chefes do tráfico e milicianos pela morte de inocentes é injusto e inaceitável

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A politização da manifestação artística e cultural sempre foi presente nos diferentes períodos da história da humanidade. No Brasil de hoje, porém, além da politização, temos a ideologização ou partidarização cada vez mais evidente. É compreensível, já que vivenciamos um verdadeiro protagonismo de alguns políticos. Basta lembrarmos dos recentes escândalos de corrupção, dos incontáveis abusos de autoridade do Judiciário e da polarização que inundou o país. Nessa conjuntura é que a escola de samba Vai-Vai exibiu no Sambódromo do Anhembi fantasias de policiais com chifres e asas de demônios. Traduzindo: a Vai-Vai mostrou para o mundo sua visão da polícia: demoníaca.


A demonização da Polícia Militar não é recente e advém, majoritariamente, de um viés de esquerda. O filme "Tropa de Elite", de 17 anos atrás, expõe uma cena de uma discussão em uma universidade que gira em torno da atuação de policiais. Todos os alunos apontam a polícia como violenta e o único que sai em defesa é Matias, o personagem que é policial militar. O recorte do filme é o Rio de Janeiro. Saindo da ficção e olhando para a realidade, é claro que a demonização da Polícia Militar surge de algumas operações nas comunidades, hoje tomadas pelo tráfico e pela milícia. Mas é preciso haver bom senso. 


O papel da Polícia Militar, segundo a Constituição Federal, divide-se em dois: policiamento ostensivo – atuação preventiva e repressiva – e preservação da ordem pública. Isso significa que a Polícia Militar é a polícia diretamente envolvida com a comunidade, a que faz a ronda, a que prende em flagrante, a que vigia, a que mantém a ordem. Ser policial militar é colocar a própria vida em risco, em prol da sociedade. Isso conseguimos visualizar facilmente quando lemos notícias sobre a morte de policiais militares em operações, nas mãos de bandidos durante saída temporária ou em confronto policial. A natureza da atividade policial, por si só, é violenta.


Por óbvio, a polícia, assim como toda e qualquer autoridade estatal, deve agir com razoabilidade e proporcionalidade e, também por óbvio, deve respeitar e garantir os direitos previstos na legislação penal. É lamentável que percamos vidas, especialmente de crianças, em operações policiais dentro de comunidades. Entretanto, culpar a instituição e isentar bandidos, chefes do tráfico e milicianos pela morte de inocentes é absolutamente injusto e inaceitável. 


É preciso destacar que a demonização dos policiais não apenas prejudica a imagem desses profissionais, mas também mina a confiança nas instituições de segurança pública. Quando a população perde a confiança na polícia, torna-se mais difícil para as autoridades combater eficazmente o crime. Além disso, essa narrativa negativa pode ter um impacto devastador na moral dos policiais, levando a uma diminuição da motivação e do comprometimento com o trabalho.


Claro, isso não significa ignorar ou desculpar casos de abuso policial ou corrupção – que existe, entre outros motivos, em virtude da péssima remuneração para um trabalho de alto risco e da falta de treinamento adequado. É fundamental que esses casos sejam investigados e punidos conforme a lei. No entanto, não podemos permitir que essas exceções obscureçam o trabalho árduo – e muitas vezes heroico – realizado pela grande maioria dos policiais. 


É importante reconhecer que a realidade enfrentada pelos policiais no Brasil é extremamente complexa. Eles lidam diariamente com situações de alta tensão, expõem-se ao perigo e enfrentam uma variedade de desafios, desde o combate ao crime organizado até o atendimento a ocorrências comuns. No entanto, em  vez de reconhecer essas dificuldades e valorizar o trabalho desses profissionais, a esquerda alimenta uma narrativa que os retrata como vilões, culpados por todos os males da sociedade.


Em última análise, a demonização dos policiais no Brasil é contraproducente e prejudicial para a sociedade. Em vez de alimentar divisões e polarizações, devemos promover um diálogo mais equilibrado e construtivo sobre a segurança pública, reconhecendo o papel vital desempenhado pela polícia e trabalhando juntos para criar um ambiente mais seguro para todos os brasileiros.

 

Letícia Barros é advogada, empreendedora e ocupa os cargos de vice-presidente e diretora de comunicação do LOLA Brasil.


Este artigo foi originalmente publicado na Revista Crusoé.


 
 
 

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